Valorização da leitura no Brasil através do tempo

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008 | Seção: | |

O hábito da leitura e sua prática acompanharam a humanidade desde seus primórdios e alguns momentos marcaram a história da leitura. Na Idade Moderna se deu a transição da leitura oral para a silenciosa, estabelecendo uma relação bem mais pessoal entre texto e leitor. O segundo momento seria o do surgimento do leitor extensivo, consumidor compulsivo de diversos textos, ao contrário do que acontecia antes, quando o leitor chamado intensivo se ocupava de um pequeno número de textos que eram transmitidos de geração para geração. O outro momento, e mais recente, é o da transmissão eletrônica dos textos, quando o leitor passa a dominar a aparência e a forma como o texto se mostra na tela do computador.

A leitura silenciosa, pessoal, só se consolidou entre anos de 1750 e 1850. Neste período, cresceram o número de leitores individuais, que construíam com os textos uma relação de intimidade e pessoalidade. Os livros começam a assumir o papel de companheiro de solidão e, paralelamente, de objeto decorativo. Os sinais mais claros de poder e saber eram as bibliotecas particulares. Apesar disso se tornar uma evidência no período, a ostentação através dos livros data de antes do nascimento de Cristo. Possuir uma biblioteca particular sempre conferiu sinais de civilização, de riqueza e de vida refinada.

Considerando a literatura brasileira no começo do século XX percebe-se uma nítida experimentação pela regionalização. O positivismo, os problemas sociais, a linguagem coloquial, a busca pelos valores tradicionais pontuavam as obras dos novos autores como Euclides da Cunha, Lima Barreto e Augusto dos Anjos.

As raízes da literatura infantil nacional foram plantadas neste mesmo período. Monteiro Lobato surgiu com seus personagens do Sítio do Picapau Amarelo, lançados em 1920 com o livro “A Menina do Narizinho Arrebitado”. Lobato já era conhecido através de artigos em O Estado de São Paulo, onde deu vida ao Jeca Tatu, um dos seus mais conhecidos personagens. Durante mais de vinte anos, os personagens e histórias infantis de Lobato foram o carro chefe da literatura infantil nacional.
Paralelamente, o Modernismo era a palavra de ordem. O movimento teve início com a Semana de Arte Moderna de 1922. A tendência agora apontava para o nacionalismo, temas do cotidiano das cidades, linguagem recheada de humor, liberdade no uso de palavras e textos diretos. À frente do movimento, estavam Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira.

O Neo-realismo dos anos 30 e 40 retoma as críticas e as denúncias dos grandes problemas sociais do Brasil. Os assuntos místicos, religiosos e urbanos também são retomados. Surgem grandes obras como Vidas Secas de Graciliano Ramos, O País do Carnaval de Jorge Amado, Fogo Morto de José Lins do Rego e O Quinze de Raquel de Queiróz e. Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Cecilia Meireles ganham notoriedade na nova poesia.
Nos anos 50, o avanço tecnológico, principalmente da televisão, começou a afastar os leitores dos livros. As crianças foram as mais atingidas. Duas décadas mais tarde, acontece um chamado “boom” da literatura infantil. Uma nova forma de se produzir o que a criança e o jovem querem ler é descoberta: a fusão de linguagens. Os livros sem texto ou narrativas-por-imagens são sucesso entre os pré-leitores.

Com a popularização da Internet, na segunda metade dos anos 90, surge uma preocupação com os destinos da leitura. Todavia, a leitura na internet é mais do que uma realidade hoje. A quantidade de literatura que se encontra gratuitamente nela impressiona, basta se saber onde e o que procurar. Vivemos em um mundo onde a educação à distância, com o uso da Internet, é cada vez mais utilizada. O necessário agora é saber alançar mão dessas novas ferramentas. O educador, agora, passa a ser um guia, papel bem mais eficaz do que o de um simples mestre.

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